O cheiro da chuva caindo no asfalto
lembra minha casa, a minha visão da janela, da chuva lavando a avenida em frente
a minha calçada, lembro o menino que sai correndo e desesperado senta no chão
olha para o céu e rir da vida como se aquele instante mágico fosse único,
lembra minha vizinha que sai correndo para tirar a roupa do varal, me lembra o
céu que fica com uma cor estonteante, lembra meu avó contando historinhas para
os meus primos mais novos de suas aventuras durante os temporais.
Lembro-me das crianças que
preferem se molhar e se aventurar na chuva, rolar na grama, mesmo que depois
aquilo tenha como consequência um sermão da mãe alegando que essa brincadeira
custe um resfriado trabalhoso, lembra-me o valioso som dos animais, as
libélulas pousando nos lamaçais, os sapos, os grilos, o barulho dos relâmpagos
e trovões, das gotas de chuva caindo no meu telhado. O cheiro de chuva no
asfalto! o banho que o chão da cidade que parece nunca ter paz, merece ter, a
chuva que lava e abranda por um momento aquele asfalto que foi testemunha de
tantas histórias, de tantos momentos singulares na vida urbana.
O
cheiro da chuva caindo no asfalto me lembra um momento de paz minúsculo na
cidade, um momento de reclusão da maioria das pessoas em seus lares, e aquele
tempo que não para segundo Cazuza, faz
um pequeno intervalo, para as reflexões de um momento que além de frio trás
sossego. O cheiro de molhado é acolhedor faz uma tarde turbulenta de verão se
tornar um aconchegante inverno anunciando na cidade que um momento sutil e
inexplicavelmente confortável vai invadir nossas casas tomar conta das ruas e
nos fazer sentir como uma criança que morre de vontade de ter o rosto molhado,
de se segurar cada pingo que se esvai, a ânsia de chutar a lama, mais o que
conta no final é a sensação de bem estar causado pelo banho que ganhamos do
céu.
Que lindo Blog...adorei...parabéns...te seguindo...voltarei
ResponderExcluirOi tudo bem?
Excluir